40 something photos from 365 days with a camera spinning inside my head, looking for a word that sums it all. Grace.
Edit [2024]
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40 something photos from 365 days with a camera spinning inside my head, looking for a word that sums it all. Grace.
just click to get the big picture.
De um livro nascido em plena pandemia até uma exposição do outro lado do Atlântico, passaram três anos de algum trabalho e poucos ocasos. De duas décadas a espreitar de quando em vez as vagas nazarenas porque tinha mesmo que ser, nasceu em regime de crowdfunding (obrigado!) o “Nazaré”, um livro que esgotou a primeira edição e já com o apoio da Câmara Municipal da Nazaré saltou para uma segunda. Desse salto maior, permitiu-se a ousadia de apresentar-se ao público na Fnac e até viajar para as estantes de uma surf shop em São Petersburgo.
Algumas fotografias do livro, depois de devidamente e largamente ampliadas, encontraram uma casa nova no Farol da Nazaré, ali mesmo, por cima das ondas gigantes: “Eu quero a que está lá na exposição no farol, aquela mesmo, impregnada de maresia, essa é a verdadeira!” disse-me Vasili, com uma clareza de pensamento próprio de quem estava a construir um novo lar longe dos horrores da guerra. Na parede da sala, como que enchendo toda a divisão de mar, escolheu ter uma onda da Praia do Norte.
E entretanto no tal farol - Forte de São Miguel Arcanjo - ao longo de nove meses as imagens foram vistas por milhares de pessoas e embaladas pelo incessante ruído do Mar da Nazaré (a Lynne diz que este mar não existe, mas está enganada) até que o Arte Institute as descobriu e não descansou enquanto não as levou para outras paragens, no contexto de uma parceria de cidades irmãs entre Nazaré e Niterói.
Parecendo difícil, não foi fácil completar este salto de quase oito mil quilómetros, mas aconteceu mesmo e resultou numa nova exposição “A Onda Indomável” com fotografias e uma projecção de vídeo da minha autoria, dedicadas às ondas da Praia do Norte na Nazaré, que continuam assim o seu caminho, deste vez na melhor companhia possível: as linhas curvas da arquitectura de excelência de Oscar Niemeyer, omnipresentes nos vários espaços onde a exposição pode ser visitada (MAC Niterói / Teatro Popular / Sala Nélson Pereira dos Santos).
Deixo um obrigado especial ao Presidente da Câmara da Nazaré - Walter Chicharro - e à sua equipa pela confiança no meu trabalho, à Ana Miranda pela visão e optimismo, ao Nicholas Martin Ferreira pela curadoria e persistência e ao Prefeito da cidade de Niterói Axel Grael pela sua hospitalidade e simpatia, bem como a todas as instituições e respectivas equipas envolvidas na exposição “A onda Indomável” por me receberem de braços abertos. Ao Júlio, ao Pepê e ao Bruno, pelo encontro de amigos.
Nas fotografias, notas de viagem em curso.
MAC Niterói 30 Setembro a 15 Outubro, 2023
Sala Nélson Pereira dos Santos 30 Setembro a 4 Janeiro, 2024
Teatro Popular Oscar Niemeyer - Cúpula 30 Setembro a 4 Janeiro, 2024
Com Walter Chicharro e Manuel Sequeira.
Com Ana Miranda - Arte Institute
Abertura formal da exposição (sem tesoura).
Com Victor de Wolf (director Mac Niterói), Letícia Spiller e Herval Lindoso Junior - selfie master.
que se escrevem
de fotografias
Com Beto Figueiredo - Ouriço Arquitetura.
do mar
E Mariane Thamsten
de Janeiro
Carnaval
Brasil
Por entre gotas de chuva.
na Cúpula de Niemeyer
Sonhos
(na praia)
Safety check
possível
na Cúpula.
presente
A "incompreendida" fica tão bem entregue junto desta família e tão bem acompanhada pelos quadros da Sofia, que o seu destino cumpre-se muito para além do que eu podia imaginar
Intermitências 2022.
Porque alguém olhou de volta, as linhas encontraram-se e a última peça do puzzle encaixou-se com uma suavidade impossível.
“Em Portugal um livro de fotografia não vende e um bom livro é um livro que vende”. A frase ouvida há quase uma década durante a reunião de apresentação de um projecto a uma editora, ficou-me na memória. Claro que se trata do ponto de vista de alguém que tem de gerir as contas de uma empresa, pagar ordenados e não se deixar levar pelos líricos de serviço. Orgulhosamente lírico e não concordando com a premissa, segui o meu caminho até encontrar conjuntura mais favorável, como uma sucessão de problemas de saúde, a incontornável pandemia, a empresa à beira da falência e um plano b arruinado. Se perante este cenário, eu não visse um sinal inequívoco para pegar em sonhos dispendiosos e condenados ao fracasso financeiro por quem sabe do assunto, tinha que estar muito distraído.
Voltando um pouco atrás, corria o Verão de 2020 quando um amigo me ligou para falar da sua nova actividade numa pequena editora vocacionada para edições de autor. Fiquei interessado no modelo de negócio - uma margem simpática para o autor e muita liberdade criativa - mas, há sempre um mas, era preciso arranjar forma de financiar a produção do livro. Deixei a ideia marinar por uns tempos, até que um neurónio mais saído da caixa apontou para a estrada do “crowdfunding”. Como funciona? Será que resulta? Casos de sucesso, alguém sabe? Perguntei eu por aí e as respostas chegaram a bom ritmo e com valiosos conselhos associados. Foi assim que cheguei à plataforma PPL, nascida e criada em Portugal para gerir projectos de crowdfunding e uma referência de eficiência e profissionalismo, que se revelou a companhia certa para continuar a avançar com o meu momento de loucura.
Com o plano de negócios devidamente rabiscado em pedaços de papel e reunida a equipa disposta a embarcar num avião sem gasolina, descobri que precisava de uma pequena fortuna (considerando o cenário já descrito anteriormente). Entre família, amigos, conhecidos e muitos ilustres desconhecidos que se dispuseram a comprar um livro antes de existir, ultrapassei rapidamente o valor necessário e de uns ousados (para o mercado português) 200 livros inicialmente previstos, acabei por chegar aos 550 livros! O sonho comanda a vida e tal, mas como se sabe, há pedras no caminho. Neste caso um calhau de dimensões madeirenses aterrou-me no browser: o valor angariado em crowdfunding e transferido pela PPL para a minha conta bancária e de seguida para a da editora, andava perdido no ciberespaço. Como assim? Assim: saiu da minha conta mas nada de chegar à da editora. Foram alguns dias neste limbo impróprio mesmo para vegans imortais, até que por obra e graça de Neptuno (só pode), o valor transferido regressou à minha conta. Como a relação com a editora já acumulava mais problemas do que um pulôver low cost exibe borbotos, decidi que era o momento certo para alterar a rota: estava na hora de seguir sozinho! Uma decisão corajosa mas que me deixava com dois pequenos problemas em mãos: não tinha editora nem gráfica onde imprimir o livro. Parecendo complicado, foi apenas complexo: entrei em modo edição de autor e a partir daqui “só” precisava de conseguir uma boa gráfica que estivesse disposta a imprimir os tais 550 livros em uma semana e meia em pleno mês de Dezembro. Isto é mais ou menos o mesmo que decidir comprar um peluche XL numa grande superfície no dia 23 de Dezembro à noite. Been there, done that, terreno familiar portanto.
Diz-se que se tivermos um amigo advogado e outro médico estamos safos na vida. Acrescente-se um designer e aí sim estamos seguros. Meia dúzia de telefonemas para amigos dedicados a salvar vidas em cima da hora (não estou a falar de médicos), outras tantas sugestões e emails e em 24 horas tinha a gráfica Jorge Fernandes pronta para arrancar a tempo de todos os apoiantes do projecto receberem os seus livros antes do Natal. Acrescente-se uns percalços de última hora, uma directa a acompanhar a impressão do livro, uma semana de loucura a tratar de envios via correio nacional, internacional e em mãos e o sonho concretizou-se sem demasiados ansiolíticos. Mas acabou aqui? Claro que não.
Passados uns meses, com o stock de livros quase a zeros, começo a repensar: tudo começou com um livro que não se ia vender e foi afinal um sucesso, então porque não prosseguir caminho com uma segunda edição? E que melhor parceiro poderia eu encontrar, do que a Câmara Municipal da Nazaré e o seu Presidente Walter Chicharro, fã incondicional do surf de ondas grandes e conhecedor como ninguém do potencial económico do fenómeno natural do Canhão da Nazaré? Não podia e nem sequer procurei. A ideia de associar a marca “Nazaré” a um livro que se enquadra perfeitamente na estratégia do município de promoção do fenómeno de ondas grandes a nível nacional e internacional, foi recebida com entusiasmo e a parceria avançou, culminando com o regresso à gráfica - e malabarismos de última hora associados - para a produção de mais 700 exemplares!
O livro “Nazaré” está agora disponível nas seguintes lojas físicas e online:
Lojas Surfers Lab Peniche e Sagres
Lojas Quiksilver Boardriders Ericeira e Carcavelos
PS: Um ano e meio passado do início desta aventura, fica mais um sentido obrigado a todos os que apoiaram este sonho possibilitando a sua concretização e abrindo caminho para outros.
Se fosse possível resumir uma objectiva a números, a Canon RF800 f11 seria mais ou menos isto: 800mm, 1260g, 1000€, 281/351mm (comprimento máximo fechada/aberta). Resumindo: é leve, pequena, tem um alcance muito acima do normal e o preço tem menos um zero que outros modelos com o mesmo alcance. Compromissos? Alguns, mas significativo só mesmo um: não há escolhas de diafragmas, temos f11 e é da forma que ninguém fica indeciso nesse ponto. Tendo em conta que com as câmaras mais recentes, conseguimos fotografar a Iso 6400 sem qualquer problema, até esse compromisso do f11 é relativo, dependendo muito do que e como pretendemos fotografar.
Pela minha parte, estava curioso relativamente ao auto-foco e qualidade de imagem e não estou a ver melhor local para um teste do que a Nazaré com as suas ondas gigantes e condições no mínimo desafiantes para qualquer fotógrafo, já que tudo acontece a uma velocidade alucinante, de forma inesperada e há sempre imensa água no ar (o spray libertado pelo rebentar das ondas) que acaba por ser um teste permanente à capacidade do auto-foco.
Ficam algumas imagens e a minha impressão sobre três dias a fotografar com esta objectiva: quero uma!
Por vezes confunde-se trabalho comercial com um certo grau de “censura” criativa. É certo que o cliente terá as suas ideias, pedidos e expectativas e por norma cumpre-se um guião ou pelo menos algumas linhas orientadoras, para se chegar a um portfólio que permita ao cliente valorizar o seu produto/marca. Mas porquê encarar estas premissas como condicionantes e não como desafios e - por consequência - estímulos à criatividade? Foi com este espírito que comecei a preparar mais uma ronda de sessões fotográficas para a Torq. Como já é habito na marca, tive total liberdade criativa para fotografar os novos modelos de pranchas dentro e fora de água. Foram três sessões intensas em que apesar de todo o planeamento prévio, resumiram-se a uma mistura de instinto, experiência, uma luz magnífica de Outono e doses generosas de improviso, como sempre acontece quando o estúdio se divide entre praia e oceano. O resultado final pode ser visto mais para o final do ano nas redes sociais, site e catálogos da marca, por agora ficam estas três imagens (clicar para ver em grande).
Londres do “London Calling” triste memória da WW2, mas também do hino homónimo cantado pelos Clash. Londres da obrigatória Tate Modern, da sesta na relva de Hyde Park, da alegria vibrante de Convent Garden, do surpreendentemente pequeno Big Ben, da Rainha imortal e dos edifícios futuristas criados por super arquitectos. Londres do labiríntico Underground, da rebelde e simultaneamente turística Camden Town e dos mendigos paredes meias com Bentleys dourados só porque sim. Londres onde no mesmo dia podemos viajar pelas telas de Turner, Hockney e Rothko e no dia seguinte visitar os estúdios onde Harry Potter passou dos livros para o cinema. Londres cinzenta onde os vermelhíssimos double-deckers quase nos distraem dos helicópteros militares que cruzam o céu a tempos, não nos deixando esquecer um passado recente. Londres não cabe numa realidade, nem sequer no infinito da imaginação, quanto mais num enquadramento. Foram 4 dias, ficam 20 fotografias (clicar para ver em grande).
(As fotografias desta série foram captadas por mim e pelas minhas filhas numa viagem recente a Londres, com uma Canon G5X mkII gentilmente cedida pela Canon Portugal)
Os passeios de bicicleta junto ao mar, a piscina rodeada de vegetação, os cavalos e a magnífica praia do Guincho, eram apenas alguns dos pontos previstos no guião e se antecipação é o nome do jogo, a nortada e a Praia do Guincho, são duas jogadoras que fazem batota como quem respira
Trouxe para férias quatro câmaras. Preciso de todas? Claro que não. Uso todas? Sem hesitar. E não podia trazer só uma? Podia, mas não era a mesma coisa.
Há sempre frases certeiras sobre este tema e que fazem parte da cultura geral de quem se interessa por fotografia: “A melhor câmara é a que está connosco” ou “o melhor zoom é mexer as pernas ” (esta é óptima para dizer enquanto se fotografa um tigre) e outras semelhantes que parecem fazer todo o sentido, até ao dia em que não… Tudo depende do estilo de cada um a fotografar e também dos temas escolhidos. Para um retrato, uma distância focal fixa funciona perfeitamente. Fotografias de arquitectura? Certamente que dispenso um zoom. No extremo oposto, estão as fotografias de vida selvagem e alguns desportos, em que o inesperado é parte (importante) da equação e a possibilidade de utilizarmos um zoom para nos aproximarmos e afastarmos da situação num segundo, é realmente uma mais valia importante. Se é verdade que é óptimo sentir que estamos com as objectivas certas para o assunto a fotografar, também não foram raras as vezes em que ao descobrir que não tinha comigo o equipamento ideal para uma determinada situação, tive que me adaptar e acabei por conseguir melhores resultados do que se tivesse a tal objectiva “certa” na mochila.
E quais foram afinal as 4 escolhidas para a época estival? A GoPro por ser pequena, à prova de água, de crianças e de terramotos (evidente), a Canon R5 e respectiva caixa estanque para o caso de o mar trazer boas surpresas, a Canon G5X II por ser um óptimo compromisso entre dimensões reduzidas e qualidade de imagem e, por fim, um modelo que nunca tinha experimentado: a Canon SX70 HS com o seu zoom abismal de 21 a 1365mm! E esses números afinal querem dizer o quê? Como é tempo de férias e descanso, basta dizer que a lua ainda agora estava ali ao fundo e agora já está aqui mesmo à nossa beira!
As duas imagens foram fotografadas no mesmo local, à mesma hora, com a mesma câmara, num intervalo de 20 segundos.
Seja pela envolvente (Serra de Sintra, Praia do Guincho, Quinta da Marinha), seja pelo cuidado colocado em todos os pormenores, não podia pedir melhor cenário para trabalhar.
A partir de terra ou barco com recurso a uma teleobjectiva, do ar com um drone ou na água utilizando uma caixa estanque, este é realmente o estúdio fotográfico perfeito para fotógrafos de surf, como podem verificar pelas imagens na galeria
Não gosto de viajar para longe. Incomoda-me a novidade em excesso, o cheiro da cabine do avião, a noite mal dormida de véspera e os códigos locais por decifrar. Encontro até mais satisfação no conforto do regresso a casa, do que na antecipação de uma nova viagem. Control freak? Provavelmente. Mais tarde, mudo de ideias, recordando invariavelmente uma frase do meu amigo Gonçalo Cadilhe, que julgo ser mais ou menos assim: não gostei de ir, mas gostei de lá estar.
Na primeira viagem além-fronteiras, devia ter uns 8 anos e fui comprar caramelos a Badajoz. Não gostei, claro. Não percebia nada do que me diziam, baixei e levantei tantas vezes os vidros eléctricos do carro (levanta cristales) que o condutor perdeu a paciência e bloqueou a novíssima tecnologia, deixando-me sem ar fresco e sem nada de interessante para fazer. Muito mais do que os caramelos colados aos dentes, queria trazer uma metralhadora de plástico mas não me deixaram - “isso não passa na fronteira” - já o Porsche 928 em miniatura, negociado à troca, ficou para sempre associado a um amargo de boca, devidamente compensado nos inúmeros acidentes catastróficos em que esteve envolvido nos anos seguintes. Uma década depois aterrei na Ilha Reunião sem saber falar francês, mas pronto para fotografar um bando de gauleses indomáveis (perdão portugueses) a competir no EPSA, surfar Saint Leu e dar início à minha nova vida: um tipo que não gosta de viajar, a viajar. Pelo caminho casei-me com a Mariana que adora viajar de avião e detesta viagens de carro. Eu gosto de “road trips” pela costa portuguesa (Badajoz never more) ela enjoa depois de três curvas, mas é mesmo assim que se vive feliz para sempre. Obrigado Walt.
A maioria destas viagens acontecem em contexto de trabalho, como gosto do que faço a coisa torna-se bastante mais suportável. Nem quero imaginar se fosse de férias. As sessões de tortura com passaporte no bolso, aconteceram a maior parte das vezes por estar a fazer reportagens para a saudosa Surf Portugal, trabalhos para a Quiksilver, Lightning Bolt ou mais recentemente para a Torq Surfboards. Muitos destinos, milhares de imagens, histórias vividas, amizades, memórias guardadas ou imaginadas e ondas quase perfeitas, excepção à Namíbia e a Asu, onde deixei cair o “quase” em simultâneo com o queixo. Dito assim não parece tão mau e por vezes até foi muito bom, como esta surf trip que redescobri ao remexer nos meus arquivos de trabalhos para a Quiksilver, à procura de imagens no contexto da celebração dos 10 anos da Boardriders Ericeira. Nada e tudo a ver: mergulho no arquivo e quando dou por mim estou em São Miguel, Açores, Fevereiro de 2013, a fotografar os melhores juniores europeus patrocinados pela marca. Tudo aconteceu conforme não planeado e mais não se pode exigir de uma surf trip. Na reunião de briefing que nunca aconteceu (uma marca da marca) ouvi: faz como quiseres, desde que seja o teu melhor. Momento alto? A inocência do director de marketing, quando disse a um grupo em que a média de idades andava pelos 15 anos: “Ok não vou proibir, podem ir ao McDonalds, mas pagam vocês, o budget do marketing não dá para junk food.” Um menu McRoyal Deluxe, por favor.
(clicar nas imagens para ver em grande)
Foi há um ano, mas coisa menos coisa, que a Leonor entrou em contacto comigo. Queria usar parte do valor que os seus patrocinadores lhe davam anualmente, para investir na sua imagem e alcançar mais e melhor visibilidade nas redes sociais, numa lógica de se valorizar a médio/longo prazo. Pareceu-me um bom plano e uma lufada de ar fresco por comparação com o pedido tantas (demasiadas) vezes ouvido: “Não me arranjas umas fotos? É só para o insta!”
Resolvemos então experimentar um novo modelo de trabalho: em vez de esperarmos pelas condições ideais para fotografamos num determinado dia, acordámos um conjunto de dez sessões, sem um prazo definido. Podíamos fazer 2 sessões num dia só, ou uma sessão por mês…o que fosse, seria em função das disponibilidades de cada um e, claro, da de Neptuno e de São Pedro. Trabalhando assim, ganhámos algo muito valioso: tempo para nos conhecermos. Bem sei (e percebo) que a pressa e o imediatismo estão in, mas eu continuo a acreditar que o tempo que dedicamos a quem nos rodeia ou, no caso, a quem fotografamos, faz toda a diferença para o resultado final. Não sendo nem eu nem a Leonor marcianos, fomos gerindo o processo como seres humanos do século XXI: à medida que as imagens aconteciam, partilhávamos nas nossas redes sociais. Mas foi graças ao luxo do tempo, que percebi que a Leonor tem planos bem definidos para a sua vida. Foi também sem amarras aos ponteiros do relógio, que descobri que por trás de uma certa reserva - talvez timidez - há um sorriso que de vez em quando escorrega cá para fora. Foi nos tempos mortos, enquanto esperávamos pela maré e partilhámos um almoço no areal de Santa Rita, que demos espaço para que aquela praia nos recompensasse umas horas depois com um pôr-do-sol digno de uma planície africana. Foi também por termos tempo (das poucas coisas que vale realmente a pena ter) que fui percebendo o ritmo do seu surf e ela foi compreendendo as minhas divagações fotográficas. Agora, quase a finalizar este processo, ficam as memórias de dias bem passados.
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À sentença final ditada por tantos na frase “The print is dead” veio a resposta dos saudosistas e inconformados, com um contundente hashtag #printisnotdead que conta, à data de hoje, com um expressivos 319.000 posts no Instagram. Pena que sejam isso mesmo, posts, em vez de prints. #ironias.
Saindo do social virtual para o real, passaram uns bons anos desde que o “print” teve morte anunciada, quando jornais a revistas desataram a fechar portas, incapazes de acompanhar o ritmo do online e das notícias ao segundo e de traduzirem em vendas o que seria (e é) a sua mais valia: o tempo para digerir as notícias, confirmar fontes e assegurar conteúdos de qualidade. Ao mesmo tempo, o outro “print”, o que se refere aos laboratórios de revelação e impressão de fotografias (para decoração, exposições, etc) também não tinha a vida facilitada pelos avanços da tecnologia: com a evolução da fotografia digital e das impressoras caseiras, o negócio de revelação de rolos praticamente desapareceu e o da impressão das fotografias parecia fazer cada vez menos sentido: “se posso ter uma impressora de qualidade em casa, para que é que vou gastar tempo e dinheiro a contratar os serviços de um laboratório?” num magnífico paralelismo com a pergunta que tantos fotógrafos adoram ouvir: “para quê contratar um fotógrafo, se tenho um iPhone que tira fotografias incríveis?”.
Perguntas como estas, respondem-se com trabalho de qualidade, a dose certa de coragem, resiliência e, já agora, persistência, qualidades que nunca faltaram ao Nuno, nem à sua família e equipa (estas batalhas não se ganham em viagens solitárias), parte integrante de um percurso de duas décadas de sucesso do Fineprint, celebrado agora numa exposição que reune trabalhos de 21 artistas, todos visitas regulares deste lugar tão especial, onde diariamente se trabalha com um rigor e qualidade inquestionáveis. Aqui preparam-se imagens (impressão, emolduramento, montagem) para oferecer numa data especial, para aplicar nas paredes cá de casa e para tantas outras casas e empresas, onde eu e tantos outros temos o privilégio de ver as nossas fotografias encontrarem um novo lar. No Fineprint nascem obras de arte para uma exposição na Gulbenkian, para a Arco Lisboa ou Madrid (por supuesto) e soube outro dia, entre duas garfadas de arroz de lingueirão, até para o Pompidou. Magnifique!
Se eu podia imprimir fotografias no meu estúdio? Claro que podia e confesso que é tentador. Mas sendo um info-excluído de elite no que toca a impressoras, poupo-me a um burnout à conta de lutar com folhas encravadas, impressoras que desaparecem na rede e tinteiros anoréticos. A qualidade final do trabalho também não é, evidentemente, a mesma e a que procuro é só a melhor possível. O preço? Já lá vai o tempo em que a diferença no custo de impressão compensava as (minhas) peripécias de imprimir em casa. Mas ir ao Fineprint, é deixar a frieza dos números para trás e ter a certeza que naquela casa ouvem e sonham também com as nossas ideias, que é sempre possível fazer melhor e que quando tudo parece correr mal - na véspera de inauguração de uma exposição, claro - o Nuno vai resolver.
Muitos parabéns Fineprint, venham mais 20!
Exposição patente até 15 de Novembro na galeria A Homem Mau, na Rua Gonçalves Crespo, 6C, de segunda a sexta, das 10 às 19h.
“The best camera is the one you have with you.” é uma frase bonita mas onde um fotógrafo tem dificuldade em colocar um ponto final. Talvez fizesse mais sentido com uns parênteses onde se pudesse incluir a câmara dos nossos sonhos. Para mim seria uma câmara leve e pequena, que fizesse sequências de pelo menos 12fps, com resolução suficiente para que a questão da falta da mesma não se colocasse e com um sistema de focagem rápido e preciso. Essa sim, seria então a minha melhor câmara. Porquê?
1) Dimensões: uma câmara leve e compacta vai estar quase sempre comigo, seja em trabalho ou em lazer, por oposição a uma câmara grande e pesada.
2) Velocidade: 10 a 12 frames por segundo é o que considero como mínimo para fotografar ondas e surf dentro de água. É perfeitamente possível fazê-lo até sem sequências, mas para trabalho profissional quero garantir que tenho “O” momento.
3) Resolução: 20 milhões de pixels de resolução chega e sobra para uma boa parte dos trabalhos que vão surgindo, mas se posso ter o dobro da qualidade que me permite - por exemplo -vender prints de grandes dimensões para decoração de interiores, então why not? Yes please!
4) Auto-foco: Claro que para alguns tipos de fotografia (produto, paisagem, etc) o auto-foco não é um factor a ter em conta, mas para quem fotografa desporto e natureza, muitas vezes é a diferença entre termos a fotografia ou não. Por isso, para mim, a qualidade do auto-foco é um factor decisivo.
Não sendo habitual escrever sobre temas tão técnicos, desta vez não podia ser de outra forma, porque a Canon lançou recentemente a câmara que, há uns anos, disse-me um professor de fotografia digital, “não existe nem vai existir”. O senhor felizmente estava errado. São 20 frames por segundo, 45 milhões de pixels, um auto-foco de sonho e tudo isto numa estrutura compacta e leve. Melhor ainda, as minhas objectivas EF funcionam na perfeição, não me obrigando a fazer já o investimento extra nas novas objectivas da série RF. Esta maravilha tecnológica chama-se Canon EOS R5 e a primeira vez que ouvi falar dela, percebi que o assunto era sério e merecia um mergulho (literal e figurado) no tema. Entre estruturar o projecto, emails e telefonemas, ter o ok da Canon Portugal e da Wave Solutions Waterhousings para trabalharmos em direcção à primeira caixa estanque (para fotografia de surf) a nível mundial para a R5 e conseguirmos as primeiras imagens, foi um passo com milhares de passos pelo meio, mas percorria-os todos outra vez sem pensar duas vezes. Sem pensar, até.
Claro que há muito mais para contar e a seu tempo lá iremos, mas para não tornar este post demasiado longo, vou fazer um fast forward e dizer que a câmara não só não desiludiu, como até surpreendeu, superando todas as minhas expectativas, especialmente na velocidade do auto-foco e na qualidade dos ficheiros. O trabalho do Nuno Cardoso da Wave Solutions, como habitualmente, é de uma qualidade irrepreensível. A nova caixa tem uns acabamentos ainda melhores que as anteriores, comandos que permitem aceder a todas as funções e, tal como a R5, peso e dimensões reduzidas que facilitam e muito o trabalho dentro de água.
Com o Outono aí à porta, não vão faltar oportunidades para continuar a explorar as potencialidades da R5 na água e em terra com as novas RF 100-500mm e a RF 800mm, mas para já ficam as imagens de uma manhã de Verão na companhia do Diogo Appleton e um obrigado à Canon Portugal pela oportunidade.
O que se fotografa, como se fotografa (que papel temos?) e para quê? Perguntas de respostas múltiplas sem certos nem errados. Cada fotografia uma história, mais as outras que não contamos.
“A máquina, é sempre a máquina a toda a hora, como se mais nada interessasse!” ouvi do lado de lá, numa mistura entre zangas de vidas normais e ciúmes justificados (como se houvesse outros).
A “máquina”, quantas coisas cabem numa palavra só?
Depois, a máquina, a tal, que desta vez vinha escondida no saco da praia por entre toalhas, lanches e protector solar areado, de lá saiu quando foi precisa para um instantâneo.
Esta fotografia reune pelo menos uma década de vida em família. De ausências e presenças, de memórias, de atenções e devaneios e algumas respostas que possam fazer sentido. Fotografar (também) para isto.
Fotografar.